A atriz Zezé Motta, conhecida por inúmeros papéis em novelas, teatro e cinema, será a protagonista do longa-metragem “Mãe Bonifácia”, uma mulher negra alforriada que viveu em Cuiabá no fim do século 19 e que teve papel importante na luta dos escravos daquela época. O filme é dirigido pelo diretor Salles Fernandes, e as gravações serão realizadas entre abril e maio, em uma chácara de Sorriso, a 420 km da capital.
Zezé disse que ainda é cedo para dar mais detalhes da produção, mas afirmou que ajudar a contar a história dessa personalidade guerreira de Mato Grosso é como uma missão.
“Me sinto muito honrada em poder contar a história de mais uma mulher guerreira, à frente do tempo, e resiliente como foi a Mãe Bonifácia, sinto que contar a história dela faz parte da minha missão”, declarou.
Com mais de 50 anos de carreira, mais de 100 papéis e 11 discos gravados, Zezé é pioneira na luta por mais espaço para as mulheres negras na arte. Uma das personagens mais importantes de sua carreira, inclusive na opinião da própria atriz, é “Xica da Silva”, filme de 1976 sobre uma escrava que se tornou uma dama na sociedade de Diamantina. Salles afirmou que não imaginou outra atriz para o papel de Mãe Bonifácia.
“Não consigo pensar em outra pessoa. Quando pensei na Mãe Bonifácia, a primeira imagem que me veio à mente foi da Zezé. Ela é um espetáculo, incrível, fantástica e existe toda a história de luta dela pelo movimento negro, então acredito que as duas estão ligadas”, contou.
Ele afirma que Mato Grosso gerou mulheres muito fortes, Mãe Bonifácia é uma delas e merece ter sua história contada para valorizar cada vez a mais a história e cultura do estado.
“Essa história está sendo contada com muito respeito à história de Cuiabá e à figura de Mãe Bonifácia. Só quero que as pessoas enxerguem essa história como, não só de Mato Grosso, mas do Brasil agora.
Salles é paraibano, mas vive em Mato Grosso desde 1996 e trabalha como cineasta desde 2003, com vários projetos independentes. Esse é o primeiro longa-metragem dirigido apenas por ele, que também é um dos roteiristas do filme. O projeto conta com recursos da Lei Cultural Paulo Gustavo e apoio da Prefeitura de Sorriso, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.
Ao todo, cerca de 80 pessoas trabalham na equipe, entre elenco e bastidores. Os figurinos estão quase todos prontos e os móveis para a cenografia estão sendo produzidos com material reciclado. Para compor a história, foram revisitados trabalhos de historiadores e será considerado o imaginário popular sobre a imagem de Mãe Bonifácia.
O trabalho de Salles tem como objetivo propagar a cultura mato-grossense para o mundo. Em 2022, o curta-metragem “Minhocão do Pari – A origem da Lenda”, foi contemplado com sete prêmios, entre eles o de Melhor Filme de Fantasia, no Festival Snow Leopard Internacional, em Madri, na Espanha.
Já em 2023, o curta “Tereza de Benguela”, outra heroína negra que liderou o maior quilombo de Mato Grosso, conquistou 17 prêmios. Só no Festival Renuac, em Santiago, no Chile, ganhou como melhor roteiro original; direção; fotografia; edição; efeitos sonoros; efeitos visuais; elenco extraordinário; maquiagem e melhor fantasia.
Agora, além dos festivais, Salles pretende levar o longa “Mãe Bonifácia” para o circuito comercial.
“Temos a intenção de levar para o cinema, se possível, ou para o streaming. Vai ser um filme lindo, porque a história de Mãe Bonifácia é emocionante e o filme também vai ser”, afirmou.
A produção ainda está realizando teste de elenco para todas as idades e quem quiser participar, basta enviar um vídeo com performance para o e-mail: audicaodecinema.artimagem@gmail.com
A trajetória da Mãe Bonifácia ainda é uma incógnita para muitos pesquisadores. Historiadores afirmam que a maior parte do que se sabe foi passada de geração para geração de forma oral, até ano passado, em que pesquisadores encontraram nos arquivos da Cúria Metropolitana de Cuiabá, o registro do óbito de Mãe Bonifácia, morta aos 80 anos, em 19 de fevereiro de 1867.
Relatos apontam que ela viveu na Avenida Lavapés, diz Aníbal Alencastro, geógrafo, pesquisador e autor de livros sobre Cuiabá. Segundo ele, em frente à casa ficava um córrego, e Mãe Bonifácia orientava os escravos a seguirem pela água para que não pudessem ser farejados pelos cães dos capitães do mato, homens contratados para recapturar os negros fugitivos.
O apelido de “mãe” veio pelo fato de ela ter sido considerada muito bondosa para os negros.
Em dezembro de 2000, o parque estadual Mãe Bonifácia foi inaugurado como uma homenagem ao ícone de força e resistência, na região central de Cuiabá, com uma área verde de 77 hectares e aproximadamente dez quilômetros de trilhas
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