“O DAE – Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande veio na Cidade de Deus para instalar hidrômetros. Mas não vamos pagar pelo chiado de vento nas torneiras sem água”, afirma morador do bairro. “Temos encanamento há anos, mas falta o básico: água”.
Segundo Helton M. Pessoa, de há muito essa situação deixou de ser demanda administrativa do setor de saneamento básico, para se transformar numa vergonhosa realidade vivenciada pela segunda maior cidade de Mato Grosso.
“Querem que todos aceitem esse caos desértico instalado num município margeado pelo Rio Cuiabá, o mesmo que abastece a capital. Lá, onde residi por anos seguidos, a interrupção do abastecimento só acontece vez ou outra, por causa de rompimento de adutora e outros problemas pontuais, prontamente resolvidos”.
Já Várzea Grande, aponta o morador, considerado líder comunitário na região da Cidade de Deus, está oficializada uma das maiores badernas que um município pode registrar por décadas seguidas. Caos que se estende pelos quatro cantos do município, onde o “bate-panela” clama é por água nas torneiras.
“Querem descarregar na prefeita atual toda a culpa pela falha do sistema hídrico urbano e periférico. Mas estão se esquecendo dos seus antecessores, das décadas em que isso acontece impunemente no município, sob vista grossa. É caso de intervenção do Ministério Público e de outras autoridades”.
Créditos: Helton M. Pessoa
Helton enfatiza que não faz defesa explícita da prefeita, que se encontra no cargo há apenas algumas semanas, mas pondera que também ela poderia ir ao fundo dessa questão com mais ênfase, pois é uma autoridade no cargo e pode reverter esse quadro vergonhoso.
“Está na cara que existe uma legião de pessoas interessadas em derrubá-la do cargo, e descobriram no abastecimento de água – que não existe – seu calcanhar de Aquiles. Até quando vamos suportar isso tudo aí, é difícil dizer”.
Armazenamento emergencial
Helton explica que foi obrigado a comprar uma caixa d’água para suprir regularmente sua residência. Função extra que desenvolve semanalmente, a cada retorno de viagem [é caminhoneiro].
“Mal chego em casa, já engato a carreta no carro para ir buscar água; recurso utilizado para que minhas crianças não padeçam. Então, pergunto: isso é justo? A quem devemos mais pedir ajuda para finalizar com esse dilema”.

Arquivo Pessoal
A descrença do morador se deve às inúmeras reclamações protocoladas na Prefeitura de Cuiabá e no próprio DAE/VG.
“Está óbvio que essa situação é muito cômoda para os políticos, que têm se valido desse gancho para galgar postos eletivos, enganando os habitantes do município ano após ano”.
Helton preconiza que vai chegar um momento – espera que seja breve – em que essa mamata política terá fim.
“Nosso sonho é abrir as torneiras e ver água jorrando à vontade. É o que acontece do outro lado do rio, em Cuiabá. Precisamos extirpar os feiticeiros que retêm água potável do nosso município. Refiro-me à corja de políticos aproveitadores que continuam a sugar a boa-fé do povo para continuar no poder”.