O seminário “Povos indígenas em isolamento no Brasil: perspectivas de futuro diante da crise socioambiental sistêmica” acontece entre os dias 3 e 5 de novembro no Museu Rondon de Etnologia e Arqueologia (MUSEAR/UFMT).
O seminário “Futuro dos Povos Indígenas Isolados” teve início nesta segunda-feira (3) e vai até quarta-feira (5) no Museu Rondon de Etnologia e Arqueologia (MUSEAR/UFMT). O evento tem como objetivo discutir políticas públicas e alternativas que envolvem os povos originários em isolamento dentro da “crise socioambiental sistêmica”.
A programação é composta por palestras de especialistas indígenas e não indígenas que acontecem no período da manhã e tarde. Além da programação presencial, é possível acompanhar online pelo canal do seminário no You Tube.
O evento é organizado pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI) e o Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos da UFMT (NERU).
Confira a programação:
1º Dia (03/11)
| Horário | Atividade / Mesa | Participantes |
| 08h30 – 09h30 | Mesa de Abertura | – Marluce Souza e Silva (UFMT – Reitoria ou enviado da Pró-Reitoria) |
| – Cleberson Ribeiro de Jezús (IGHD – Diretor) | ||
| – Rodrigo Marcos de Jesus (ICHS – Diretor) | ||
| – Sônia Regina Lourenço (MUSEAR – Diretora) | ||
| – Juliana Cristina da Rosa (NERU – Coordenadora) | ||
| – Eliane Xunakalo (FEPOIMT) | ||
| – Fabio Augusto Nogueira Ribeiro (OPI – Coordenador) | ||
| 10h00 – 12h30 | [Mesa 1] Leituras indígenas sobre os povos indígenas isolados | – Eliane Xunakalo (FEPOIMT) |
| – Mandei Juma (Jawara Pina / FPE Madeira Purus) | ||
| – Adonias Djeoromitxi (FPE Guaporé) | ||
| – Baira Amondawa (APIA / FPE Uru Eu Wau Wau) | ||
| Mediador: Edimar Kajejeu (FEPOIMT) | ||
| 14h30 – 17h30 | [Mesa 2] Perspectivas de pesquisa sobre os povos indígenas isolados | – Helena Palmquist (UFPA) |
| – Lilian Parra (UDESC) | ||
| – Aloir Pacini (UFMT) | ||
| – Lino João (UFAM) | ||
| – Miguel Aparício (INPA) | ||
| Mediador: Paulo Sérgio Delgado (NERU) | ||
| 18h00 | Projeção do filme “Piripkura” e debate | – Direção: Mariana Oliva, Renata Terra, Bruno Jorge |
| – Debate com: Jair Candor (indigenista) |
2º Dia (04/11)
| Horário | Atividade / Mesa | Participantes |
| 09h00 – 12h00 | [Mesa 3] Perspectivas das Frentes de Proteção Etnoambiental da Funai | – Jair Candor (FPE Madeirinha) |
| – Fabrício Amorim (FPE Uru Eu Wau Wau) | ||
| – Altair Algayer (FPE Guaporé) | ||
| – Daniel Cangussu (FPE Madeira–Purus) | ||
| – Marco Aurélio Tosta (CGIIRC/Funai – Coordenador Geral) | ||
| Mediadora: Brisa Libardi (OPAN) | ||
| 14h30 – 17h30 | [Mesa 4] Perspectivas das Organizações da Sociedade Civil | – Ivar Bussato (OPAN) |
| – Maria Auxiliadora Leão (CTI) | ||
| – Gunter Loebens (CIMI) | ||
| – Antenor Vaz (GTI PIACI) | ||
| – Carolina Santana (OPI) | ||
| Mediador: Renan Sotto Mayor de Oliveira (DPU) | ||
| 18h00 – 19h00 | Evento de lançamento de livros | – Livro do NERU |
| – Livro de Daniel Cangussu | ||
| – Livro do CIMI |
3º Dia (05/11)
| Horário | Atividade / Mesa | Participantes |
| 09h00 – 12h00 | [Mesa 5] O Estado Brasileiro diante dos PIIRC | – Janete Carvalho (Funai) |
| – Beatriz Matos (MPI) | ||
| – Gabriel Copetti (Sesai) | ||
| – Márcia Zollingher (MPF – 6ª Câmara) | ||
| – Ricardo Pael (MPF – Procurador-Chefe do MPF/MT) | ||
| Mediador: Elias Bigio (OPI) |
Quem são os povos originários isolados
Em Mato Grosso, foi confirmada a presença de dois povos indígenas isolados: os Kawahiva do Rio Pardo e Piripkura. Ambos possuem as terras localizadas em Colniza, a cerca de 1.065 km de Cuiabá. Os dois grupos, de origem Tupi-Kawahiva, vivem sob constante ameaça e vivem acuados em seu próprio território diante do avanço de madeireiros e da grilagem de terras para a criação de gado.
- Terras Indígenas Kawahiva do Rio Pardo
Cerca de 13,7 mil hectares foram desmatados da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, na Terra Indígena Kawahiva em 2023. Segundo um levantamento divulgado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a área foi invadida, pela primeira vez, em 2008 e, desde então, intrusos permanecem no local explorando madeira de forma ilegal.
Em 2018, a Terra os invasores não apenas entraram como construíram casas no local. Eles se retiraram depois de serem notificados por órgãos federais do Estado. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) informou que as operações na região são constantes, com monitoramento por imagens de satélite, apreensão de máquinas e embargo de áreas, e já resultaram na aplicação de R$ 152,4 milhões em multas por crimes ambientais.
A área foi declarada de posse permanente do povo Kawahiva, que vive isolado na região, no dia 20 de abril de 2016, pelo Ministério da Justiça. Mesmo assim, a terra continua sendo invadida.
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- Piripkura
A Terra Indígena Piripkura foi a mais desmatada em 2020 dentre os territórios com presença de povos indígenas isolados monitorados pelo Instituto Socioambiental (ISA). Segundo o instituto, foram 962 hectares desmatados, sendo 95% concentrados apenas entre agosto e dezembro de 2021.
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O local é habitado unicamente por Tamandua e Baita, dois indígenas da etnia Piripkura em isolamento voluntário e que sobreviveram a sucessivos massacres contra seu povo nas décadas passadas. O acesso à terra, é proibido.
Eles são supostamente os dois últimos membros da etnia Piripkura, considerada em extinção. Eles sobreviveram a um massacre de madeireiros na década de 1980. Segundo relatos de Jair Candor no documentário “Piripkura”, ambos escaparam de uma emboscada e se esconderam, enquanto os madeireiros matavam todos seus parentes.
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O território é definido por uma portaria de restrição de uso, renovada por períodos.




