Os empresários César Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos teriam articulado a morte de Renato Nery após uma discussão judicial envolvendo uma propriedade rural de mais de 12 mil hectares.
A Polícia Civil indiciou o casal de empresários César Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos, apontados como mandantes do assassinato do advogado Renato Nery, em Cuiabá, após a conclusão do inquérito nesta sexta-feira (11). Eles foram presos no início de maio, em Primavera do Leste, a 239 km da capital.
O casal foi indiciado pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe, promessa de recompensa, emprego de meio que possa resultar em perigo comum e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
A reportagem tenta localizar a defesa do casal.
Segundo a investigação da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), os dois articularam a morte de Renato motivado por uma discussão judicial envolvendo uma propriedade rural de mais de 12 mil hectares em Novo São Joaquim, a 493 km da capital.
Quem são e como agiram os investigados
Além do casal, sete policiais militares e o atirador são investigados por envolvimento direto no assassinato de Renato Nery. Veja abaixo quem são:
- Caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva – atirador;
- Sargento da PM Heron Teixeira Pena Vieira – intermediador que recebeu dinheiro, arma e contratou o Alex pra fazer executar;
- PM Ícaro Nathan Santos Ferreira – intermediador que forneceu a arma usada e facilitou a transferência do pagamento;
- PM Jackson Pereira Barbosa – intermediador que coordenou o crime e realizou pagamentos parciais;
- PM Wailson Alessandro Medeiros Ramos – investigado por forjar confronto envolvendo arma do crime;
- PM Wekcerlley Benevides de Oliveira – investigado por forjar confronto envolvendo arma do crime;
- PM Leandro Cardoso – investigado por forjar confronto envolvendo arma do crime;
- PM Jorge Rodrigo Martins – investigado por forjar confronto envolvendo arma do crime.
Negociações e motivo do assassinato

As investigações apontaram que a morte de Nery foi motivada por disputa de terra. Segundo a polícia, o advogado não temia morrer, mas sim perder suas terras, que tentava transferir para o nome das filhas.
O policial militar Heron confessou ter sido contratado para matar o advogado e que contratou Alex para executar Renato. Ele afirmou à polícia que recebeu R$ 200 mil para matar e, desse valor, pagou R$ 50 mil ao caseiro para a execução.
Nery foi baleado quando chegava no escritório dele, em julho de 2024. Segundo a Polícia Civil, o atirador já estava esperando pelo advogado e, após atirar, fugiu do local em uma moto. Uma câmera de segurança registrou o momento (veja acima).
Investigações
Em julho, após matar o advogado em frente a um escritório na Avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá, o caseiro fugiu de moto para uma chácara no bairro Capão Grande, em Várzea Grande.
O trajeto foi flagrado por diversas câmeras de segurança e no dia 8 de julho, a polícia conseguiu acesso à última imagem, que mostrava a moto a menos de 2 km da chácara. Com isso, dois dias depois, as equipes procuram a moto na região.
Segundo o delegado Bruno Abreu, a presença da polícia perto da chácara assustou os suspeitos, que tentaram simular um confronto para justificar o abandono da arma do crime e culpar outras pessoas.