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sábado, novembro 15, 2025
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PF investiga como brasileiras são atraídas por esquemas de tráfico de mulheres

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Por trás das luzes, arranha-céus e carros de luxo, Dubai mantém um dos contrastes mais marcantes do mundo moderno. O destino mais glamouroso dos Emirados Árabes Unidos é também palco de um problema que cresce nas sombras: o aliciamento e a exploração sexual de mulheres estrangeiras, atraídas por promessas de trabalho, fama e dinheiro rápido.

Apesar da prostituição ser proibida e punida com rigor pela legislação dos Emirados, relatórios internacionais apontam que o mercado clandestino da exploração sexual se mantém ativo, operando em zonas discretas e com forte estrutura digital.

A capital econômica do Oriente Médio tornou-se, segundo o Trafficking in Persons Report 2024, um dos principais destinos de mulheres vítimas de tráfico humano na região — especialmente vindas da América Latina, África e Leste Europeu.

O modus operandi dessas redes segue um padrão: o recrutamento começa em países de origem, geralmente com anúncios sedutores nas redes sociais. Falsos agentes de moda, empresários ou consultores internacionais prometem carreiras em eventos, comerciais ou casas de entretenimento.

As vítimas viajam acreditando estar diante de uma oportunidade legítima, mas ao desembarcar, descobrem um cenário de exploração — muitas têm seus passaportes confiscados e são forçadas à prostituição sob ameaças ou dívidas forjadas.

Em 2024, o Departamento de Estado dos Estados Unidos registrou 49 condenações nos Emirados Árabes por crimes ligados à exploração sexual, e entidades internacionais alertam para a dificuldade de monitorar o problema, já que o país mantém imagem de segurança e prosperidade, o que mascara parte da realidade.

Organizações de direitos humanos apontam que a repressão estatal não tem sido suficiente para impedir a atuação de redes transnacionais. Enquanto o governo dos EAU investe em políticas de combate e reabilitação, o fluxo de vítimas vindas de outros países continua, impulsionado pelo apelo econômico de Dubai e pela desigualdade social que empurra jovens a aceitar riscos.

O Brasil tem acompanhado indícios de envolvimento de brasileiros em esquemas de envio de mulheres para os Emirados. Entre os nomes suspeitos está o de Bibiana Bitello, citada como suspeita de oferecer ofertas de trabalho que teriam servido de fachada para recrutamento.

Ela chegou a ser questionada por ter usado o nome de uma agência legítima sem autorização — a empresa, inclusive, já se pronunciou publicamente negando qualquer vínculo.

Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que a investigação está em fase inicial e que ainda não há provas conclusivas sobre a participação da suspeita. Mesmo assim, o caso reforça um alerta que já é global: as redes de exploração sexual estão se sofisticando, usando a internet como ferramenta para captar e manipular vítimas com discursos bem estruturados e aparência de credibilidade.

Enquanto Dubai segue projetando ao mundo uma imagem de sucesso, negócios e luxo, há uma realidade menos reluzente que cresce nas sombras: um circuito de exploração que se alimenta de vulnerabilidade, desinformação e da ilusão de um futuro melhor.

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